
A esperança da vida cristã é a
ressureição, é o nosso destino (=meta) final. O profeta Ezequiel enxerga essa
esperança ao vaticinar que “quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer
sair dela, saberei que eu sou o Senhor” (37, 13). Jesus faz Lázaro sair da
sepultura para que os homens vejam a “Glória de Deus”. E ele continua: “Porei
meu espírito em vós” (37, 14), isto é, o hálito, o sopro e a força de Deus que
habita em cada um de nós. Deus é o autor da vida. É o Próprio que o anima
(=ânimo, alma, aquilo que faz mover). Na segunda leitura, o Apóstolo Paulo diz
a mesma coisa, mas de outra forma: “o Espírito daquele que ressuscitou Jesus
dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre
os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que
mora em vós” (Rm 8, 11). Assim, nesse episódio salvífico de Lázaro, Jesus é
Senhor da vida.
A ressurreição de Lázaro é
diferente da ressurreição final. Lázaro foi ressuscitado, mas morreu outra vez.
A nossa ressureição final não será para essa vida que passa, mas para a vida
eterna em Deus. A fé da Igreja afirma que teremos um corpo glorioso, que
seremos reconhecidos na eternidade com a intensidade do amor com quem amamos no
mundo e haverá uma alegria incansável e saciável na presença do Pai. O que
fundamenta essa fé é a Esperança, isto é, esperamos todas essas coisas em Deus.
A esperança não é falsa, como afirma o apóstolo São Paulo “A esperança não decepciona”
(Rm 5, 5). O Papa Emérito Bento XVI intitulou seu livro com essa magnifica
expressão SPE SALVE, Salvos na
Esperança.
Posto essa ideia de ressurreição e
esperança, como sinais da graça de Deus, como último sinal em nossa vida
cristã, existencialmente falando, podemos passar agora para a metodologia
litúrgica que nos presenteia com a quaresma para a celebração de tal
acontecimento: o sinal da ressurreição. No itinerário quaresmal, nós caminhamos
rumo a ressurreição passando pelo calvário. Lá no calvário, nós enterramos tudo
aquilo que nos impede a uma realização humana e cristã para ressur
gimos como pessoas amadurecidas, conscientes e convictas do nosso ideal cristão.
Para não se alongar demais, temos a
última cena em que Lázaro sai do tumulo. Ele representa o que há de mais
importante na vida daquelas pessoas. O tesouro, o ouro, não pode ficar
escondido ou sepultado, pelo contrário, é preciso desenterrar, despertar,
acordar em nós ações valiosas que um dia fora vencida pelo pecado. A última
palavra não é o pecado, mas sim a Palavra de Deus que desperta tudo aquilo que
temos e somos de bons.
gimos como pessoas amadurecidas, conscientes e convictas do nosso ideal cristão.
O episódio da ressurreição de
Lázaro nos ajuda a viver existencialmente e liturgicamente o desfecho do final
glorioso. Jesus se comove ao ver seu amigo partir. O verbo comover quer dizer
“mover com o coração”, nossas ações são movidas, são perpassadas por esse
sentimento nobre. Se Jesus chorou pela morte do amigo, nós também deveríamos
choras nossos pecados, infidelidades, vícios e mazelas que muitas vezes são
maiores que a nossa força e vontade de vencer.
Outra cena é a solidariedade de
Jesus para com a família. O exercício quaresmal - que a Igreja nos convida - define
essa ação de Jesus: a caridade, isto é, socorrer os irmãos em todas as suas
necessidades materiais e espirituais. Jesus oferece sua presença para consolar
Marta e Maria. Nossa presença na vida dos irmãos se constitui uma marca
caritativa.

A quaresma é esse tempo de ouvir a
voz (ler a Palavra) de Deus para abraçar o último sinal: a ressureição, o
despertar da nossa vida para o Ressuscitado.
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