Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: Enxergamos melhor em Jesus

sexta-feira, 24 de março de 2017

Enxergamos melhor em Jesus


Pe. Luiz Alípio, scj!
 
A Liturgia do 4º Domingo da Quaresma nos apresenta a cura de um cego de nascença feita por Jesus (Jo 9). Nesse episódio, há uma gama de riqueza teológica joanina que nos ajuda a mantermos firmes e fortes no espirito quaresmal.

A primeira coisa a ser destacada é a palavra SINAL. Nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), cuja palavra significa “vista num só conjunto”, ou seja, há muitas narrativas repetidas nos três, porém, cada um ao seu modo, encontramos demasiadamente a palavra MILAGRE. Em João, se substitui a palavra milagre por SINAL. Ambas apontam para a mesma realidade: as maravilhas de Deus operadas nas pessoas. Enquanto que nos sinóticos, o milagre depende da fé, em João a fé condiciona o milagre. Ademais: no Evangelho de São João, são sete os sinais realizados por Jesus. O milagre do Evangelho aponta para uma das definições de Jesus Cristo: EU SOU A LUZ. O maior sinal é a RESSUREIÇÃO de Jesus. Assim, a caminhada quaresmal é mirar o olhar para a luz da ressureição.

E Jesus vai curar um cego de nascença. Por muito tempo, prevaleceu na mentalidade judaica o que se chama de “culpa coletiva” ou “responsabilidade coletiva”. Alguém que nascesse com alguma deficiência, seja ela qual for, estava pagando a culpa de algum ancestral. Contudo, os profetas tentam corrigir esse erro. Dentre eles, temos Ezequiel e Jeremias. Jeremias diz que “todo homem que tenha comido uvas verdes terá os dentes embotados” (31, 30), como também Ezequiel “Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos ficaram embotados. Por minha via, oráculo do Senhor Deus, não repetirei jamais este provérbio em Israel. Todas as vidas me pertencem, tanto a vida do pai, como a do filho. Pois bem, aquele que pecar, esse morrerá” (18, 2-4). Jesus legitima essa afirmação profética. Em vez da responsabilidade coletiva haverá uma retribuição pessoal, isto é, cada um responderá pela sua vida diante de Deus. Cada um é responsável pelo seu itinerário quaresmal.

Jesus cura no dia de sábado. Na cultura religiosa  judaica, o sábado é o dia do Senhor, do descanso, já observado desde a criação do mundo (Gn 1-2). Portanto, nada de trabalho nesse dia. Jesus legitima a importância do sábado, mas tenta abrir os horizontes das pessoas. Em dia de sábado, também é permitido fazer bem. Ele gostava de provocar os fariseus quando realizava alguma ação benéfica naquele dia. Mas, por que Jesus gostava de fazer milagres em dia de sábado? Porque era o dia da confraternização religiosa judaica, ele fazia assim para incluir todas as pessoas curadas para também participarem da festa. O dia mais importante já não é o sábado, mas sim o primeiro dia da semana que Jesus ressuscitou, que se chama Domingo. Com a sua ressurreição, Jesus recria o mundo, renovando a face da terra.

O Evangelho narra ainda que “Jesus cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego” (9, 6). Esse trecho lembra a criação do homem (cf. Gn 2, 6-7). Jesus recria o ser humano. Em Jesus podemos enxergar melhor. Em jesus, podemos contemplar a beleza da criação e a beleza da fé. Em Jesus podemos reencontrar o encanto da luz da vida.
 
Restituído a visão, o homem professa a fé: "Eu creio Senhor"! A fé como uma iluminação para cada um de nós.

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