Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: Da disponibilidade e alegria é sua marca registrada, Entrevista com Pe. Luiz Alípio, confira

quarta-feira, 1 de março de 2017

Da disponibilidade e alegria é sua marca registrada, Entrevista com Pe. Luiz Alípio, confira


Por Elisângela Feitosa de Souza


Nas mãos do Pe. Raimundo Alexandre de Oliveira, mais conhecido como Pe. Netinho, surge a Paróquia da Beata Lindalva e São Cristóvão – que antes era apenas mais uma das dezenas de igrejas pertencentes à Paróquia de São João Batista em Assú/RN.  Pe. Netinho ficou na Paróquia no período de fevereiro de 2008 ao janeiro de 2011. A Igreja, desde então, vivenciou vários acontecimentos que fazem memória em nossas lembranças, como a principal delas, a busca pela Beatificação da Irmã Lindalva, serva da cidade do vale que fora brutalmente assassinada há 23 anos.
A entrevista a seguir, refere-se a um bate-papo com o atual Pároco, Pe. Luiz Alípio de Souza Neto (30), como gosta de ser chamado: Pe. Alípio ou Pe. Luiz – que chegou na paróquia no dia 15 de março de 2015 para auxiliar Pe. Berlamino (na época, vigário paroquial). Pe. Alípio é Administrador Paroquial, desde o dia em que tomou posse em fevereiro de 2016.
Em fevereiro deste ano, mais precisamente dia 11, Pe. Alípio completou 2 anos de vida sacerdotal, escolha feliz configurada em Cristo, o Redentor.
Dois anos depois daquele 11 de fevereiro de 2015, padre Alípio contabiliza em sua balança da vida, muitos acertos, alegrias, projetos de futuro, alguns espinhos, mas sempre com muita disposição e animação na caminhada junto ao povo. Quem o conhece, sabe que a disponibilidade e alegria é sua marca registrada. Confira:




Província de Ordenação:  Congregação do Sagrado Coração de Jesus, PE/Brasil

EF: Conte-nos sobre o seu chamado à vida dehoniana: a história vocacional e as figuras significativas que o acompanharam.

Meu chamado dehoniano, se deu a partir da Revista “Ir ao povo”, porque o Pároco, Pe. Mangueira, na época, era assinante desta revista, e eu a lia frequentemente. Então nasceu a curiosidade de conhecer os autores dos artigos contidos na revista; e, também, outro fator foi a sigla SCJ - que significa Sagrado Coração de Jesus... como também o símbolo que nós usamos, aquele coração vazado, que é símbolo popular da nossa congregação. Esses três fatores, a Revista, a sigla e o símbolo (cruz dehoniana), foram como um “feitiço” para mim, que me fez querer ser dehoniano, me entusiasmaram nesta escolha. Foi quando também comecei a ler vários livros de autores dehonianos, então comecei a participar dos encontros vocacionais. Daí nasceu a minha vontade de fazer parte! As Figuras humanas, Pe. Mangueira que fez essa ponte de mediação; e durante o meu processo de discernimento vocacional teve o Pe. Miguel Batista como também Pe. Carlos Fred, ambos foram os meus promotores vocacionais.

EF: Passaram-se 2 anos desde seu “sim” a vida sacerdotal, olhando para o passado, qual o 'painel de experiência humana' que o senhor vê diante de si?

É um crescimento que é continuo, porque a cada dia vamos amadurecendo. Há dois anos quando olho para trás, vejo quantos benefícios eu promovi aos fiéis aqui de Assú. Como também errei em alguns pontos, falhei (como é normal de qualquer ser humano) no sentido de machucar alguém com alguma palavra etc. Mas, eu prefiro abraçar esses benefícios que eu fiz aqui em Assú, meu trabalho pastoral, a simpatia para com meu povo, a disponibilidade que é uma marca dehoniana e, que essa marca eu faço valer aqui em Assú. Assim, olhando para trás eu posso enxergar luzes de crescimento e de experiência de fé e maturação, como também eu posso enxergar pequenos focos que posso e devo melhorar e repensar em minhas ações e palavras.

EF: Quais foram as rosas e quais foram os espinhos desses 2 anos de sacerdócio?

Os espinhos..., mais traumáticos e desafiador é a seca. Falo isso porque a falta de água provoca certo desespero, isto é uma desestabilidade financeira, emocional e também relacional daqueles que convivem com tal fenômeno, então o maior espinho foi essa seca que assola muita gente. Por outro lado, as rosas são o carinho do povo, a estima deles por mim... essa vontade deles quererem trabalhar, crescer, como também de imprimir uma identidade paroquial ativa, litúrgica, missionária. Outras rosas, são as reformas em que nós realizamos como em algumas capelas e agora na Matriz. Mas, sobretudo, além das reformas que é uma coisa importante a ser ressaltada, para mim, o que vale mais é a questão da amizade. Ser amigo, estar presente. O Padre é amigo do povo, ele não manda no povo, ele caminha com o povo. Assim, a maior rosa são essas amizades que eu velo por elas aqui em Assú.

 

EF: O que mais o ajudou a viver com fidelidade a vocação dehoniana e o ministério sacerdotal?

 

Quando fiquei Padre em 2015, disse que eu nasci para ser feliz e para também fazer os outros felizes. Então essa minha fidelidade a Deus, provém dessa felicidade de deixar o povo feliz, alegre, entusiasmado, estar com eles. Então para mim o povo é esse combustível do qual faz rodar esse motor que é minha vida, meu ministério. Claro, a oração, a celebração eucarística, são importantes, mas o povo é a razão e motivo principal desse meu compromisso que eu fiz com Deus, como também com a nossa igreja. Então para mim, o povo é essa largada e chegada que eu quero sair e chegar sempre, respectivamente.

 

EF: Qual foi o valor agregado pela consagração dehoniana e pela presença do Sagrado Coração de Jesus em seu ministério sacerdotal?

 

Nós temos uma espiritualidade, ou seja, nós cultivamos uma maneira de viver. E para nós dehonianos, nossa maneira de viver é através da nossa prática da adoração diária, a liturgia das horas como também o ato de oblação que é essa entrega que nós oferecemos a Deus diariamente, e, a própria imagem do Coração de Jesus que revela essa ponte de amor, fé e perdão. Um Coração (de Jesus) que rasga o peito para mostrar o seu coração, ou seja, nós nos esforçamos para dar aquilo que temos de melhor e, aquilo que tenho de melhor para meu povo, que é uma fonte de nossa espiritualidade é a Eucaristia, que tanto nosso fundador Pe. Dehon insistiu... que rezássemos a Missa diariamente pela conversão dos pecadores, pela paz mundial como também para trazer para o povo, um alento, um remédio, uma esperança. Então, a minha vida de Padre e a minha espiritualidade estão unidas, elas se conjugam muito bem – pelo fato de terem o mesmo propósito que é dar o melhor que nós temos, nosso coração e. na minha condição de Padre é dar a Eucaristia ao meu povo. 

 

EF: Recentemente (14 de outubro) o Sr. recebeu o título de cidadão açuense, conte-nos como foi receber o Título e se isso influencia em seu trabalho, na relação com os fiéis etc.

 

Tem uma frase de Hegel que diz assim: “o amor é reconhecimento”. E é bom sermos reconhecidos por aquilo que fizemos. Em tão pouco tempo, apenas 1 ano e 8 meses recebi este título com muito carinho e faço valer isso em minha vida! E para mim, levanta um pouco de vaidade e de orgulho (em boa dosagem) pelo carinho que eu tenho para com o povo de Assú. Agradeço esse título que é uma homenagem bonita, singela e verdadeira. De fato não nasci aqui em Assú, mas me tornei açuense de coração. E, a influência é essa responsabilidade diante de todos, ser um bom cidadão, respeitado e respeitar, enfim, fazer valer esse título que quero preservar até o fim.


EF: O que espera do futuro?

Espero um bom inverno! Que haja fartura, abundância na mesa de todos. Espero também criar este clima de paroquialidade, ou seja, nós pertencemos a uma paróquia e temos que fazer valer isso. Estamos ainda muito ligados a ideia passada de somente uma paróquia na cidade... Com o tempo nós temos que amadurecer esta mentalidade de que temos duas paróquias que se respeitam e trabalham juntas em um mesmo propósito. Mas temos que criar esta identidade, compromisso e pertença paroquial. Eu espero que o povo desperte esse sentimento de pertença e adesão paroquial. Segunda coisa que espero do meu futuro é que os padres que depois de mim assumirem essa Paróquia, desenvolvam um bom trabalho: façam o melhor que eu, façam o melhor porque o povo merece um Padre bom, honesto, justo e verdadeiro e que desenvolva esse trabalho de crescimento de fé e maturação humana. Eu rezo para que os que virão me suceder façam um excelente trabalho de fé e maturação humana.

EF: O tema de sua ordenação, que também é o mesmo da celebração dos seus 2 anos (Sl.108.2). O que o atraiu e ainda atrai nessa passagem bíblica?

“Meu coração está pronto, está pronto o meu coração”. Na verdade você se aproximar do altar, deve estar pronto naquilo que deve exercer no seu ministério de Padre. Rezamos toda quarta-feira este salmo, e, dentro desse contexto bíblico, o autor se mostra esperançoso de ver, contemplar e estar com Deus. Essa nossa passagem aqui na terra é para que possamos fortalecer e aprimorar esse encontro com Deus. Então na minha vida, esse tempo de seminário foi uma preparação para me encontrar realmente com Cristo - no altar daquele sacrifício na cruz perpetuando, renovando e fazendo memória. E nessa preparação de 10 anos, eu disse: “estou preparado para fazer esse oficio de Padre/sacerdotal que é de celebrar a Eucaristia e outros sacramentos e ser para meu povo um bom padre. Então, Meu coração está pronto meu Deus, para receber esta graça do sacramento da ordem, está pronto o meu coração. Envia-me”.

EF: Semanalmente o Sr. escreve sobre o Evangelho dominical, esses primeiros 2 anos foram fecundos e fizeram surgir, pode-se dizer o “padre-escritor”. O que esse ofício possibilitou/possibilita para o seu ministério? Acha que pode levar adiante, tens planos quanto a isso (sobre escrever)?

Eu prefiro escrever do que falar... para mim... eu gosto muito de brincar com a escrita, com as palavras! Meus trabalhos, em sua maioria sempre obtive boas notas! Claro, escrever requer pesquisa para fomentar seu raciocínio, atiçar a mente, viajar no mundo das palavras, mergulhar na filosofia e teologia e das ciências humanas no geral, daí você vai tentar trazer aquele mundo inteligível para o mundo concreto de maneira fácil, prática e objetiva para que as pessoas tenham conhecimento. Então escrever é você exercitar seu mundo inteligível das ciências humanas. Tenho desejo sim, de em breve, escrever um livro com reflexões diversas. Algumas estão disponíveis no blog da Paroquial, que já somam quase 7 mil visualizações.

EF: Para encerrar, Padre Luiz Alípio em poucas palavras: 

Poema favorito? "Todas as coisas são um mistério".
Autor favorito? Carlo Carreto.
Um exemplo?
Pe. Mangueira.
Uma lembrança boa? Minha ordenação.
Uma lembrança não muito boa?
A morte da minha irmã.
Um fato engraçado? Uma vez eu fui para o Sul do país para um retiro, então estávamos no lazer, aí eu só tinha levado uma calça jeans, de repente vi uma lagoa muito bonita, fui correndo e tropecei e cai na lama. Tive que ficar o dia todo com o meu pijama para a calça puder enxugar!.
Lugar favorito? João Pessoa.
Beata Lindalva? Uma admiração enorme que cresce a cada dia.



EF: Deixe uma mensagem aos sacerdotes da Congregação do Sagrado Coração de Jesus formandos sobre o modo de viver hoje como dehonianos.

Caros formandos, ser Padre é muito bom... sou feliz por isso! Então mirem, focalizem naquilo que vocês querem seguir que é Jesus Cristo, através deste caminho proposto pelo Padre Dehon de oblação e amor – oblato e amor do Coração de Jesus. Sejam felizes e foquem no Coração de Jesus e vivam esse carisma: amor e reparação.

2 comentários:

Elizabete Feitosa disse...

Muito bonito! Rio muito com a lama... (Risos)
Tem meu apoio e serei a primeira a adquirir o livro!
Deus abençoe

Elizabete Feitosa

Anônimo disse...

Bonita história de vida!

Parabéns pela ideia!

Maria

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