Pe. Luiz Alípio, scj!

Hoje, Quinta-feira Santa, a
Liturgia celebra o dia em que Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia, no
dizer de São João Maria Vianey, o
Sacramento do Amor. A palavra Eucaristia significa “ação de graças”. Damos graças
a Deus pela maior Graça que concedeu a humanidade: o Corpo e Sangue de Jesus
Cristo sacramentalizados como comida e bebida para a salvação: “quem come este
pão viverá eternamente” (Jo 6, 58).
Evidentemente, Jesus celebrou
outras eucaristias, isto é, outras ceias/refeições, mas a última Ceia se
destaca por ser não somente a última, mas sim pelo caráter mandatário de
Cristo: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19). Jesus deixou seu Corpo e
Sangue como alimento e bebida para a vida do mundo: “Quem come minha carne e
bebe o meu sangue tem a vida eterna... Pois minha carne é verdadeira comida e o
meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6, 54-55).
Ao longo da história, a celebração
da Ceia do Senhor recebeu outros nomes: Eucaristia, Ágape, Fração do Pão, Mesa
do Senhor, Santo Sacrifício até chegar a palavra Missa que significa “Missão”
ou “Despedida”. Participar da Celebração da Missa é assumir a tarefa de ser um
verdadeiro cristão fora das quatro paredes da Igreja. É ser uma Eucaristia na
vida do outro, isto é, um canal e instrumento da graça de Deus.

Para nós cristãos católicos, a
Missa é o maior ato expressivo de louvor a Deus. Um louvor não só litúrgico,
mas existencial. É por isso que na Missa há três mesas: a Mesa da Palavra
(alimentamos nossa fé ao escutar e refletir essa palavra), Mesa do Altar
(alimentamos nossa vida espiritual com o verdadeiro pão do céu) e a Mesa da
Caridade (dessa vez somos nós que alimentamos a vida do irmão que passa
necessidade, numa palavra: solidariedade). A Caridade ou a solidariedade é o
último gesto que Jesus institui no mais íntimo ser dos homens: o mandamento do
amor, o rito do Lava-Pés que não é somente um rito, mas um exemplo a ser feito
todos os dias. O amor não é uma opção, mas uma obrigação, um mandamento. Parafraseando
São Paulo na Carta aos Coríntios, “ai de mim se eu não amar”. Quando Jesus lava
os pés dos apóstolos, gesto tal que simboliza o abaixamento, serviço dos
servos, o Mestre e Senhor deu-nos esse exemplo: não existem pessoas melhores do
que as outras, mas sim, o que existe é o melhor serviço que prestamos no amor
aos irmãos. Não fazemos simplesmente ao outro, mas porque enxergamos nele a
face de Cristo.
Portanto, o amor é a palavra chave
da liturgia de hoje: o amor que se humilha (lava-pés), amor que se imola
(instituição da Eucaristia) e o Amor que se faz visível e atualiza o sacrifício
do Altar (sacerdote). Diante do presente do mandamento do Amor e do Lavatório,
só me resta que Cristo lave meus pés e a minha consciência. E tenho que que me
abaixar para lavar os pés dos meus irmãos com a caridade. Diante do presente da
Eucaristia, só me resta agradecer e recebe-la com o coração limpo e fazer-se
eucaristia para meus irmãos. E diante do presente do sacerdócio, só me resta
rezar a Deus para que mande santos sacerdotes à sua Igreja.

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