Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: O verdadeiro amor como oferta

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O verdadeiro amor como oferta

Pe. Luiz Alípio, scj!


Com a celebração da Ceia do Senhor, iniciamos o Tríduo Pascal, um tempo forte em nossa Igreja na qual ficamos imbuídos e introspectivos liturgicamente da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.

Hoje, Quinta-feira Santa, a Liturgia celebra o dia em que Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia, no dizer de São João Maria Vianey, o Sacramento do Amor. A palavra Eucaristia significa “ação de graças”. Damos graças a Deus pela maior Graça que concedeu a humanidade: o Corpo e Sangue de Jesus Cristo sacramentalizados como comida e bebida para a salvação: “quem come este pão viverá eternamente” (Jo 6, 58).

Evidentemente, Jesus celebrou outras eucaristias, isto é, outras ceias/refeições, mas a última Ceia se destaca por ser não somente a última, mas sim pelo caráter mandatário de Cristo: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19). Jesus deixou seu Corpo e Sangue como alimento e bebida para a vida do mundo: “Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna... Pois minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6, 54-55).

Ao longo da história, a celebração da Ceia do Senhor recebeu outros nomes: Eucaristia, Ágape, Fração do Pão, Mesa do Senhor, Santo Sacrifício até chegar a palavra Missa que significa “Missão” ou “Despedida”. Participar da Celebração da Missa é assumir a tarefa de ser um verdadeiro cristão fora das quatro paredes da Igreja. É ser uma Eucaristia na vida do outro, isto é, um canal e instrumento da graça de Deus.

Simultaneamente a instituição da Ceia, Jesus ordena os apóstolos e sucessores para continuar a repetir o gesto salvífico da última ceia: os sacerdotes. Mais uma vez citamos a máxima de São João Maria Vianey: “O Sacerdote é o Amor do Coração de Jesus”, ele (o sacerdote) celebra esse grande amor. A palavra sacerdote significa “aquele que oferece”, ou seja, ele oferece o Santo Sacrifício da Missa. Ele não age em seu próprio nome, mas “in persona Christi” e “in persona Eclesiae”, ou seja, age na pessoa de Cristo e na pessoa da Igreja. Não é o padre que batiza, que perdoa os pecados, que assiste os casamentos, que celebra a Missa, mas é Cristo que batiza, perdoa, abençoa e oferece o Santo Sacrifício na mediação daquele que preside e confere. Na celebração Eucarística, o sacerdote oferece o amor velado nas espécies do pão e vinho que sustenta a Igreja. Como diz o Documento da Igreja da Sagrada Liturgia, “a Eucaristia é o ápice da Igreja” (SC 10).

Para nós cristãos católicos, a Missa é o maior ato expressivo de louvor a Deus. Um louvor não só litúrgico, mas existencial. É por isso que na Missa há três mesas: a Mesa da Palavra (alimentamos nossa fé ao escutar e refletir essa palavra), Mesa do Altar (alimentamos nossa vida espiritual com o verdadeiro pão do céu) e a Mesa da Caridade (dessa vez somos nós que alimentamos a vida do irmão que passa necessidade, numa palavra: solidariedade). A Caridade ou a solidariedade é o último gesto que Jesus institui no mais íntimo ser dos homens: o mandamento do amor, o rito do Lava-Pés que não é somente um rito, mas um exemplo a ser feito todos os dias. O amor não é uma opção, mas uma obrigação, um mandamento. Parafraseando São Paulo na Carta aos Coríntios, “ai de mim se eu não amar”. Quando Jesus lava os pés dos apóstolos, gesto tal que simboliza o abaixamento, serviço dos servos, o Mestre e Senhor deu-nos esse exemplo: não existem pessoas melhores do que as outras, mas sim, o que existe é o melhor serviço que prestamos no amor aos irmãos. Não fazemos simplesmente ao outro, mas porque enxergamos nele a face de Cristo.

Portanto, o amor é a palavra chave da liturgia de hoje: o amor que se humilha (lava-pés), amor que se imola (instituição da Eucaristia) e o Amor que se faz visível e atualiza o sacrifício do Altar (sacerdote). Diante do presente do mandamento do Amor e do Lavatório, só me resta que Cristo lave meus pés e a minha consciência. E tenho que que me abaixar para lavar os pés dos meus irmãos com a caridade. Diante do presente da Eucaristia, só me resta agradecer e recebe-la com o coração limpo e fazer-se eucaristia para meus irmãos. E diante do presente do sacerdócio, só me resta rezar a Deus para que mande santos sacerdotes à sua Igreja.

 

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