Pe. Luiz Alípio, scj!
Entrando na reta final da liturgia
quaresmal, que tem como finalidade nos preparar para a grande festa cristã, a
Ressurreição do Senhor, por meios dos exercício da caridade, oração e
penitência, de forma mais acentuada, hoje, entramos liturgicamente com Cristo
em Jerusalém, lugar por excelência de
sua Paixão, Morte e Ressurreição, dando início a chamada Semana Santa ou Semana
Maior.
Por que Semana Santa? Porque
liturgicamente, acompanhamos os últimos momentos terrenos de Cristo. Esse
acompanhamento se faz por meio de uma profunda vivência litúrgica (Liturgia da
Ceia do Senhor, da Paixão e Vigília Pascal) que desemboca em nosso existencial
a caminhar na vida nova e renovada em Cristo.
A Semana Santa se inicia com a
Procissão dos Ramos. O povo aclama Jesus como Rei. E é verdade! Mas é um Rei
que não usa a tirania para governar, mas sim o seu Coração, que é a metodologia
perfeita para atrair todos a si: Vinde a
mim vocês que estão cansados (Mt 11, 28). Um Rei que acumula e partilha a
todos o seu amor (Jo 13, 34), um Rei que visita os pequenos, que lava os pés
dos apóstolos (Jo 13, 5), que aceita morrer na cruz (Jo 19, 18), que sente medo
(Mt 26, 37-38), é abandonado (Mt 26, 56), é lembrado pelo discipulo amado, sua
mãe e algumas mulheres (Jo 19, 26-27); um rei humilhado, desprezado (Mt 27,
39-44), mas apesar de tudo, um Rei que não perdeu a serenidade e dignidade
diante do furacão da dor e sofrimento (Is 50, 6). Imergido na dor, um Rei que
clama ao Pai demonstrando toda a confiança.
A vivência litúrgica e existencial
da Semana Santa não acentua a dor, o sofrimento e morte como elementos
imprescindíveis para a salvação. Não evocamos tais elementos cruentos como
necessários a salvação. O sofrimento é mau, não tem nenhuma força redentora.
Não agrada a Deus ver Jesus sofrendo. A única coisa que salva no Calvário é o
amor insondável de Deus, encarnado no sofrimento e na morte de seu Filho. Não
há nenhuma força salvadora a não ser o amor. O sofrimento continua sendo mau,
mas, precisamente por isso, transforma-se na experiência humana mais sólida e
real para viver e expressar o amor. Parafraseando Santo Agostinho, a
experiência da Luz passa pela dor da cruz.
Portanto, nesse domingo de Ramos,
primeiro dia da Semana Santa, aprendamos com o Todo-Poderoso as lições de
humildade, serenidade e dignidade diante da dor. Ela não tem a última palavra.
Mas sim, a ressurreição é a Luz que afugenta nossos medos e males. A
ressurreição é o vigor necessário para não perdermos o equilíbrio nas adversidades.
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