Pe. Luiz Alípio, scj!

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Jesus
começou a caminhar com eles: dois discípulos partem tristes para Emaús. O
número dois na Bíblia já se configura uma comunidade. Esses dois discípulos
simbolizam a comunidade triste, desnorteada, sem esperança diante do infortúnio
da morte de Cristo. Caminham a sós com o grande risco de ter outras referências
que não seja o Cristo. A verdadeira comunidade caminha com Jesus. Imbuídos por
tal desamparo, Jesus começou a caminhar com eles. A comunidade que caminha com
Jesus só tende a crescer, pois Ele é aquele que sempre se coloca em nosso
caminho, já que ele mesmo disse: “Eu sou o Caminho” (Jo 14, 6).
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Depois de descrevem o infortúnio da morte de
Cristo, Jesus começa a explicar-lhes as
Escrituras, as passagens que apontavam a morte e ressurreição do Messias. A
tristeza tem o poder de vedar os olhos da esperança. Ela deixa nossa vida sem
muitas expectativas para a Vida que há de vir. Ela tem seu ápice e sua força
maior na morte. Quando a comunidade passa pela experiência da decepção e
tristeza, a Sagrada Escritura é o melhor meio para entendermos os absurdos e
encantos da vida. A Palavra de Deus alivia, conforta, reconforta, reanima,
reacende e recoloca a comunidade no verdadeiro Caminho.
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Ao término da explicação da morte e ressurreição
de Cristo feito pelo mesmo aos discípulos, ao cair da tarde, eles insistem para
que o peregrino (Jesus) fiquem com ele: Fica
conosco, pois é tarde e o dia já declina. Fica conosco Senhor! Permanece
conosco Senhor! É a prece da Comunidade. A hospitalidade dos judeus faz parte
do Código da Aliança. Uma vez Jesus falou da necessidade de acolher as
pessoas... (Cf. Mt 25).
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Depois
eles foram cear: sentaram-se a mesa que era o mesmo que partilhar a vida
mútua. Na mesa do Altar, compartilhamos a vida de Cristo. Depois ele tomou o pão, deu graças, distribuiu e nisto Jesus foi
reconhecido. Eles reconheceram Jesus ao partir o pão. Jesus reconhece como verdadeira
comunidade sua aquela que não somente partilha a Eucaristia, mas que também
serve a mesa do pobre.
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A Eucaristia é o óculos da fé. Ela abre nossos
olhos para as incertezas e conflitos da vida. É o sacramento da unidade,
voltamos aquela mesma unidade que tínhamos perdido com o advento da morte. Ela
traz esperança. Por sua força, faz memória do sacrifício de Cristo na cruz e
nos dá alegria de antecipar as iguarias no banquete eterno. Colocamos intenções
nas celebrações pelos finados porque não só rezamos, em comunidade, por eles
que aguardam a ressurreição final, mas porque queremos fortalecer nossa fé na
vida presente e na vida eterna.
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Os discípulos ficaram tão felizes que
exclamaram: não ardia nosso coração?
Muitas vezes, na vida em comunidade, necessitamos de alguém inspirado que nos
ajude a recolocar a Palavra de Deus no centro da nossa vida. Necessitamos de
companhia, de alguém que caminhe, oriente e reconduza a nossa vida ao Cristo.
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Realmente
o Senhor ressuscitou! A última parada da caminha catequética comunitária é
chegar no fim e compreender: realmente o Senhor ressuscitou! A ressurreição é a
chegada depois de uma longa caminhada nessa vida para a vida eterna.
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Toda a catequese da Igreja visa essa linda
conclusão: realmente, o Senhor ressuscitou! Pedro, ao proclamar o Kerigma, termina-o
falando sobre a ressurreição de Cristo (At 2, 32), pois este acontecimento é o
centro da fé crista que dá sentido a vida da comunidade.
Assim, a
experiência de Emaús, muitas vezes, é a experiência da Comunidade. Uma
comunidade que deve ter Cristo como referência e centro; uma comunidade que
busca nas Sagradas Escrituras inspiração; uma comunidade cujo líder reorienta
para o verdadeiro Caminho; uma comunidade que celebra a partilha no pão no
Altar e na mesa do Pobre; uma comunidade que professa a Ressurreição de Nosso
Senhor!
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