Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: Experiência de Emaús, Experiência da Comunidade

sábado, 29 de abril de 2017

Experiência de Emaús, Experiência da Comunidade


Pe. Luiz Alípio, scj!
 
A Liturgia do 3º Domingo da Páscoa reflete a caminhada a Emaús como uma pedagogia catequética para entendermos o significado litúrgico e existencial da ressurreição de Jesus Cristo. Nessa passagem bíblica (Lc 24, 13-35), podemos elencar alguns pontos importantes:

·         Jesus começou a caminhar com eles: dois discípulos partem tristes para Emaús. O número dois na Bíblia já se configura uma comunidade. Esses dois discípulos simbolizam a comunidade triste, desnorteada, sem esperança diante do infortúnio da morte de Cristo. Caminham a sós com o grande risco de ter outras referências que não seja o Cristo. A verdadeira comunidade caminha com Jesus. Imbuídos por tal desamparo, Jesus começou a caminhar com eles. A comunidade que caminha com Jesus só tende a crescer, pois Ele é aquele que sempre se coloca em nosso caminho, já que ele mesmo disse: “Eu sou o Caminho” (Jo 14, 6).

·         Depois de descrevem o infortúnio da morte de Cristo, Jesus começa a explicar-lhes as Escrituras, as passagens que apontavam a morte e ressurreição do Messias. A tristeza tem o poder de vedar os olhos da esperança. Ela deixa nossa vida sem muitas expectativas para a Vida que há de vir. Ela tem seu ápice e sua força maior na morte. Quando a comunidade passa pela experiência da decepção e tristeza, a Sagrada Escritura é o melhor meio para entendermos os absurdos e encantos da vida. A Palavra de Deus alivia, conforta, reconforta, reanima, reacende e recoloca a comunidade no verdadeiro Caminho.

·         Ao término da explicação da morte e ressurreição de Cristo feito pelo mesmo aos discípulos, ao cair da tarde, eles insistem para que o peregrino (Jesus) fiquem com ele: Fica conosco, pois é tarde e o dia já declina. Fica conosco Senhor! Permanece conosco Senhor! É a prece da Comunidade. A hospitalidade dos judeus faz parte do Código da Aliança. Uma vez Jesus falou da necessidade de acolher as pessoas... (Cf. Mt 25).

·         Depois eles foram cear: sentaram-se a mesa que era o mesmo que partilhar a vida mútua. Na mesa do Altar, compartilhamos a vida de Cristo. Depois ele tomou o pão, deu graças, distribuiu e nisto Jesus foi reconhecido. Eles reconheceram Jesus ao partir o pão. Jesus reconhece como verdadeira comunidade sua aquela que não somente partilha a Eucaristia, mas que também serve a mesa do pobre.

·         A Eucaristia é o óculos da fé. Ela abre nossos olhos para as incertezas e conflitos da vida. É o sacramento da unidade, voltamos aquela mesma unidade que tínhamos perdido com o advento da morte. Ela traz esperança. Por sua força, faz memória do sacrifício de Cristo na cruz e nos dá alegria de antecipar as iguarias no banquete eterno. Colocamos intenções nas celebrações pelos finados porque não só rezamos, em comunidade, por eles que aguardam a ressurreição final, mas porque queremos fortalecer nossa fé na vida presente e na vida eterna.

·         Os discípulos ficaram tão felizes que exclamaram: não ardia nosso coração? Muitas vezes, na vida em comunidade, necessitamos de alguém inspirado que nos ajude a recolocar a Palavra de Deus no centro da nossa vida. Necessitamos de companhia, de alguém que caminhe, oriente e reconduza a nossa vida ao Cristo.

·         Realmente o Senhor ressuscitou! A última parada da caminha catequética comunitária é chegar no fim e compreender: realmente o Senhor ressuscitou! A ressurreição é a chegada depois de uma longa caminhada nessa vida para a vida eterna.

·         Toda a catequese da Igreja visa essa linda conclusão: realmente, o Senhor ressuscitou! Pedro, ao proclamar o Kerigma, termina-o falando sobre a ressurreição de Cristo (At 2, 32), pois este acontecimento é o centro da fé crista que dá sentido a vida da comunidade.

Assim, a experiência de Emaús, muitas vezes, é a experiência da Comunidade. Uma comunidade que deve ter Cristo como referência e centro; uma comunidade que busca nas Sagradas Escrituras inspiração; uma comunidade cujo líder reorienta para o verdadeiro Caminho; uma comunidade que celebra a partilha no pão no Altar e na mesa do Pobre; uma comunidade que professa a Ressurreição de Nosso Senhor!

 

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