Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: Pentecostes: o derramamento do Espírito!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Pentecostes: o derramamento do Espírito!


Pe. Luiz Alípio, scj!

 
A Solenidade de Pentecostes marca o fim litúrgico do Tempo Pascal. Jesus Ressuscitado aparece aos discípulos inúmeras vezes, confirmando que a Vida venceu a morte, e, depois, na presença dos mesmos sobe aos céus e de lá envia o Espírito Santo. E ao envio desse Espírito, celebramos o dia de Pentecostes.

Originariamente, Pentecostes era uma festa agrícola. Celebrava-se com muita alegria a colheita. Essa mesma comemoração tinha outro nome: era a Festa das Semanas (Ex 34, 22). A festa era calculada pela contagem de 7 semanas desde o começo da colheita de trigo. Com o passar do tempo, essa festa foi tomando uma conotação religiosa: quando celebrado a Páscoa, a festa de Pentecostes ou das Semanas, recebeu uma data regular no calendário judaico, 7 semanas (50 dias) após a Páscoa.

 
No Novo Testamento, a Festa de Pentecostes é a descida do Espírito sobre os discípulos, o dom das línguas, o discurso de Pedro e a formação da primeira igreja cristã. Tudo isso encontramos nos Atos dos Apóstolos capítulo 2. Pentecostes é também o nascimento da Igreja. Mas antes de adentrarmos nessa solenidade, vamos elencar alguns dados bíblicos sobre a presença do Espírito.

O Espírito Santo nas Sagradas Escrituras

Recorrendo as Sagradas Escrituras, o Espírito significa o hálito de Deus (Jó 15, 30); é o vento, o sopro do Senhor, um sopro carregado de poder (Sl 33, 6). O Espírito é o princípio da vida e da atividade vital. A respiração é o hálito de Deus, é o sopro comunicado ao homem por insuflação divina (Gn 2, 7).

No Novo Testamento, mais precisamente os Evangelhos, o Espírito se chama de pneuma, entendido também como força de Deus (Mc 1, 12) e é por essa força que Jesus expulsa dos demônios (Mt 12, 28). Como também recebe o nome de paraclito que significa advogado e intercessor (Jo 14, 26).

No começo da Igreja, mais precisamente narrado nos Atos dos Apóstolos, é o espírito que ensina os discípulos o que dizer (Lc 12, 12); é a força do Alto (Lc 24, 49); revela os mistérios de Deus (At 11, 28); dirige os ministros da Igreja nas decisões importantes (At 13, 22); é também liberdade e princípio do Amor (2Cor 3, 17). São Pedro chega a afirmar que a função do Espírito é de santificar os crentes (1Pd 1, 2)

Ainda nas Sagradas Escrituras, encontramos os frutos e dons do Espírito. São Paulo enumera os frutos do Espírito: alegria, fidelidade, castidade, amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gl 5, 22). Conforme o Catecismo da Igreja Católica, esses frutos do Espírito são as perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícia da glória eterna (n.1832).

Já sobre os dons do Espírito, encontramo-nos no profeta Isaias, a saber: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus (Is 11, 1-3). Esses dons tornam os fieis dóceis para obedecer prontamente às inspirações divinas, afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 1831).

Esse mesmo Espírito é o responsável pelos carismas, dons e talentos na Igreja. Há diversidades de dons, mas o Espírito é mesmo (1Cor 12, 4).

A Liturgia de Pentecostes

Na liturgia solene de Pentecostes, precisamente na primeira leitura (At 2, 1-11), há uma alusão a torre de babel, cuja palavra significa confusão. Os homens queriam construir uma torre que chegasse até o céu, revelando um espírito de competição, de egoísmo, de prepotência, provocando uma enorme confusão. No cenáculo, a unidade perdida é restaurada na Igreja, que fala todas as línguas, sobretudo a linguagem do amor, reinando assim o espírito de solidariedade, de caridade, de paz... enquanto que em Babel reinava a confusão, em Pentecostes reinava a mais perfeita comunicação: o amor, pois o Espírito é o princípio do amor.

O Espírito que dirige a Igreja contem essas características. Não somos guiados pelo vento mundano, mas pelo hálito de Deus, pela força do Senhor, cuja decisoes, propostas e realizações são inspiradas por esse tão excelso auxiliador. Prova disso é o refrão do salmo: Envia teu Espírito Senhor e renova a face da terra (Sl 103).

Já na segunda leitura (1Cor 13, 3-13), fala de que a Igreja é formada por pessoas que põe em comum seus dons, talentos e carismas, tendo como fonte o Espírito Santo. O talento de cantar, de pregar, de tocar instrumentos musiciais, de trabalhar com crianças, jovens, adolencentes e idosos; de visitar os presidios, hospitais e pefirerias, enfim, todos os trabalhos desenvilvidos na Igreja são as ações impressas do Espírito em nossa vida para serem partilhadas, não por vaidade, mas sim, para a glória de Deus.

No Evangelho de hoje (Jo 20, 19-23), Jesus sopra sobre seus apóstolos, conferindo-lhes o dom do Espírito Santo. Recebemos esse mesmo sopro no Batismo e confirmado no sacramento da Crisma. E esse Espírito é a presença continuada de Jesus.

Mensagem Final

Depois dessa breve explanação, necessitamos de abertura para que o Espírito se manifeste diariamente. Muitas vezes, é preciso abrir as janelas e portas da alma para entrar o frescor do vento a fim de nao morfar as coisas dadas por Deus. Trancados e fechados em si mesmos, corremos o grave risco de deixar morfar o sentido a dinamicidade da vida, enterrar os talenos e dons, se acomodar num marasmo e viver de pessimismo. O vento do Espírito impede o morfo das coisas maravilhosas deixadas por Deus impregnadas em cada um de nós.

Conta-se que o Papa João XXXIII, idealizaava mudanças estruturais e pastorais na Igreja. Certa vez, abriu a janela e sentiu um vento impetuoso a soprar por todo o quarto. Sentindo uma inspiração divina, exclamou: Vamos abrir as janelas e portas da Igreja, a fim de que seja arejadas e ventiladas como esse sopro, com a convocação de um concílio para renovar nossas estruturas e a presença na Igreja no mundo.

Abramos as janelas do coração como fez o Papa João XXXIII e rezemos esta linda oração composta por Santa Maria Madalena de Pazzi:

Vem, Espírito Santo. Venha na unidade do Pai e do bem-querer do Verbo. Tu, Espírito da Verdade, és o prèmio dos santos, o refrigério dos corações, a luz das trevas, a riqueza dos pobres, o tesouro do que amam, a saciedade dos famintos, o alívio dos peregrinos; tu és, enfim, aquele que contém em si todos os tesouros.

Vem, tu que, descendo em Maria, realizaste a encarnação do Verbo, e realiza em nós, pela graça, o que nela realizaste pela graça e pela natureza.

Vem, tu que és o alimento de todo pensamento casto, a fonte de toda clemência, a plenitude de toda pureza.

Vem e transforma tudo o que em nós é obstáculo para sermos plenamente transformados em ti.

 

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