Pe. Luiz Alípio, scj!
A Liturgia do 4º Domingo da
Páscoa nos apresenta a figura do Bom Pastor, cuja missão é cuidar das ovelhas,
chama-las pelo nome, protege-las dos inimigos devassos, dar boas pastagens,
desenvolver uma relação de proximidade e afeto. Jesus é o protótipo dos
pastores, todas as suas ações se derramam no bem das pessoas.
No Evangelho de hoje (Jo 10,
1-10), Jesus se define como porta. Ele é a entrada segura da nossa vida. Ele
também se define como a voz, uma voz reconhecível em todas as circunstâncias.
Contudo, a imagem da porta e da voz, Jesus nos adverte contra os perigos de
outras portas largas que nos levam a perdição, como também outros sons que
damos maior primazia do que a voz contida nas Sagradas Escrituras. Por nossa
vida ser uma passagem, um caminho que percorremos, temos que nos centrar
naquilo que é verdadeiramente real para a nossa vida, essencial ao nosso
crescimento, caso contrário, podemos nos distrair e percorrer outros rumos, distanciando-se
da voz do Pastor.
A porta na qual podemos entrar
com inteira confiança é a Igreja, o redil de Cristo, um lugar seguro na fé sob
os cuidados dos nossos pastores (Papa, Bispos e Padres). Esses mesmos pastores
de Cristo, ressoam a mensagem do Evangelho comunicada de diversas modalidades.
Assim, a Igreja é essa voz do Bom Pastor Jesus Cristo que ressoa em nossos
ouvidos. Os nossos pastores com seus ensinamentos nos orientam a buscar
constantemente a presença do Cristo. O Papa Francisco, no seu livro “A Igreja
da Misericórdia” pede a esses mesmos pastores da Igreja de Cristo que tenham cheiro de ovelhas, isto é, que apascentem
com magnamidade, caminhem com o rebanho e permaneçam com o rebanho. Três
verbos conjugados pelos pastores de Cristo: apascentar, caminhar e permanecer. Os
pastores de Cristo, verdadeiramente, são capazes de desgastar suas vidas para o
bem do rebanho. Dedicam o seu tempo exclusivamente a esse ofício de caminhar e
permanecer com o seu povo: na administração dos sacramentos; visitas aos
presídios, hospitais, periferias e comunidades longínquas e pobres; no
atendimento às pessoas que, imprevisivelmente, batem na porta da casa paroquial
pedindo algum tipo de ajuda material ou espiritual; quando são sensíveis a
realidade do território paroquial atingidos por graves problemas sociais e se
torna o porta voz daquele povo; quando também se dedica ao tempo de leitura,
oração, retiro e lazer próprio. Essas são as características do pastor que
caminha e permanece com o seu povo. O contrário: quando os pastores pensam em
si mesmo, alegando falta de disponibilidade para tais ações citadas. Tenhamos em
vista as palavras do profeta Ezequiel: “Ai
dos pastores de Israel que apascentam a si mesmos!” (34, 2). Nessa mesma
perspectiva, temos a sinalização de São Paulo: “Anunciar o evangelho não é título de glória para mim; é, antes,
necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor
9, 16).
Também na Igreja há diversos
grupos, movimentos, serviços, pastorais que vivem a mesma dinâmica de Cristo no
cuidado, zelo, proximidade, acolhimento. A imagem do Bom Pastor é uma
inspiração para tais grupos que ajudam a Igreja no processo de pastorear o
rebanho de Cristo. Esses grupos somam forças na Igreja.
Mas a missão de pastor não se
limita ao âmbito religioso, mas em todas as esferas da vida humana. Os pais são
pastores, os professores também e entre outras pessoas que exercem um bom
profissionalismo, ou seja, aqueles que estão a serviço da vida. Porém, os
políticos são também pastores que proporcionam a vida em abundância quando repudiam qualquer tipo de corrupção. Os
políticos na figura de pastores asseguram aos cidadão o direito ao trabalho,
lazer, moradia, saúde, educação, segurança etc, estão de fato apascentando,
caminhando e cuidado do povo. Mas, quando a cidade entra em colapso, revela, na
verdade, um comportamento de ladrão, cujas características são apresentadas por
Jesus: roubar, matar e destruir.
Os pastores com cheiros de
ovelhas não são apenas que abraçam os
eleitores na campanha eleitoral, mas sim, eleitos pela credibilidade do povo,
deveriam visitar os hospitais, escolas, associações, sindicatos, periferias,
Igrejas, andar de transporte público, visitar as comunidade rurais, ser
simpáticos, honestos e transparentes com o povo, e não simplesmente medíocres.
Que suas ações não sejam em vista da recompensa das eleições ou visando as
próximas, mas, pelo contrário, revelem o caráter de líder como referência na
vida civil.
Portanto, rezemos pelos nossos
pastores , a fim de que possam exercer seu múnus na fidelidade, honestidade,
perseverança e alegria; rezemos também pelas ovelhas para que encontrem nos
nossos pastores abrigo e acolhimento; e, por fim, rezemos pelos nossos pastores
de alma de alma e de corpo, cobrando a
presença deles em nossa vida.

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