Pe. Luiz Alípio, scj!
A Liturgia do VIII Domingo do Tempo
Comum (Mt 6, 24-34), nos convida a um desafio elementar da condição humana:
viver energicamente o tempo que se chama hoje.
O tempo é esse Kronos que passa, um
tempo quantitativo. É o Kronos que veio, que vem e que virá. Temos sempre
presente duas tendências que danificam o tempo: viver um saudosismo e
lamentações do passado, e, também, planejar demasiadamente nossa vida numa
perspectiva de futuro. O equilíbrio está sempre no meio: o presente (o hoje). O
presente, como dádiva divina, não pode também alcançar seu extremo: viver sem
tirar lições do passado e sem enxergar o futuro. O presente é passado e futuro
que se misturam em boa dosagem. Contudo, o presente em si, traz algo de
espetacular: o hoje é o decisivo na minha vida. No hoje, tudo é inédito, único,
marcante e irrepetível. Daí a necessidade de intensificar no cuidado do hoje,
maravilhar-se no encontro com Deus que se derrama no eterno presente em nossa
história.
No Evangelho de hoje, Jesus nos convida
a entregar nossa vida nas mãos de Deus com responsabilidade. Deus cuida de
todos nós, mas estamos cuidando da nossa própria vida? Há uma expressão de
autoria de um pensador francês que se encaixa nessa perspectiva evangélica: o
cuidado de si. O cuidado de si é a responsabilidade que temos perante Deus: um
cuidado com o corpo (alimentação, vestuários, lazer), uma perspectiva de
trabalho, de estudos, envolvimentos com boas amizades, cultivo da
espiritualidade etc. O homem que se preocupa em cuidar de si mesmo, renova
constantemente a obra da criação, como também é passagem para a vivencia do
tempo não só quantitativo (denunciado por Jesus), mas qualitativo (anunciado
por Jesus). O Tempo que se chama hoje é a qualidade que nós damos a ele, numa
vivencia intensa e cuidadosa de si.
Portanto, a mensagem do Evangelho de
hoje traz essas palavras: Confiança em Deus com responsabilidade, viver o
presente com qualidade, e o hoje é uma dádiva divina que preenche a nossa
existência, nos estimulando a vencer as preocupações cotidianas.

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