Paróquia Beata Lindalva e São Cristóvão: Uma bagagem de fé e de amor a vocação e ao chamado a vida cristã - Entrevista com Pe. Sales, scj

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Uma bagagem de fé e de amor a vocação e ao chamado a vida cristã - Entrevista com Pe. Sales, scj

            Por Elisângela Feitosa

Já se faz 1 mês, desde a Posse de Pe. Sales na Paróquia da Beata Lindalva e São Cristóvão.  Foi em 16 de agosto que nossa comunidade cristã, acolheu Pe. Francisco Sales de Morais, como Administrador Paroquial da Matriz da Beata Lindalva e São Cristóvão em Assú/RN.
            Pe. Sales, tem 52 anos e é natural de Apodi/RN. Já passou por algumas cidades, são 25 anos de vivência e convivência por vários lugares. É, portanto, rico em experiências de missões junto aos fiéis na missão de evangelizar. Ordenado como Sacerdote em 17 de março de 2001 pela Província do Sagrado Coração de Jesus em Apodi/RN (mais conhecido no Brasil como padres dehonianos). De missionário, pesquisador, Reitor... como missionário dehoniano – assumiu as funções: Vigário Paroquial, Diretor do Centro Social Pe. Dehon; Formador-Pároco-Reitor do Centro Vocacional Superior do Cristo Rei e agora, administrador paroquial em uma nova Paróquia. De fato, há muito em sua bagagem de fé e de amor a vocação e ao chamado a vida cristã.
             Confira, nossa entrevista com Pe. Sales. Ele nos conta um pouco sobre seu chamado a vocação, sobre família, os lugares onde passou, as experiências de vida devotada a missão.


1-Conte-nos sobre o seu chamado à vida dehoniana: a história vocacional e as figuras significativas que o acompanharam.
            Meu chamado a vida e vocação dehoniana se deu, porque em minha paróquia, havia um padre dehoniano (Theodoro Johannes, scj) já estava há 27 anos na paróquia. Tinha também uma freira, a Ir. Consuelo – religiosa Salesiana, que tinha uma irmã (Alice Pinto), a qual eu era bem próximo – ela me chamou e perguntou “se eu tinha vontade de ser padre” (?) Ela me encaminhou ao diretor espiritual, o Pe. da Paróquia. A partir daí eu comecei a fazer meu acompanhamento vocacional junto aos padres da congregação do SCJ. Lembro-me que Pe. Theodoro me deu um livro sobre a vida de Pe. Dehon, chamado ‘Por causa e um certo reino’ de autoria do Pe. Zezinho. Na época ele me disse: “se você entender 50% deste livro você será um bom Padre”.
Há outras figuras, que antes destes me acontecimentos, já me impulsionaram ao chamado, como a minha mãe, meu pai, meus avós e uma que considero uma figura espiritual “A figura de Santo Antônio” – que conheci sua história através de relatos de meus pais, e toda vez que ouvia, ardia em mim aquela vontade de ser Padre. Outra figura, que foi meu pai quem transmitiu isso para mim, relatando a vocação e chamado de Dom José Freire. Então, com 5 anos de idade, quando ouvia e pensava sobre esses dois personagens Santo Antônio e Dom José Freire eu sentia essa vontade de ser Padre. Fui crescendo, mas esse chamado só aconteceu aos 20 anos de idade, quando fui acompanhado pelos padres dehonianos e entrei no Seminário aos 26 anos em 1992.

2- Sua cidade natal é Apodi/RN – contudo passou por várias cidades como Jaraguá do Sul, do que mais sente saudades do lugar onde cresceu?
Gosto muito de Apodi, apesar de ser muito quente! Guardo boas recordações da minha infância, adolescência e juventude. Tenho saudades, sobretudo, de minha convivência familiar, meus pais, meus irmãos, a nossa história de superação.
Quanto as cidades que passei, no total são 25 anos divididos em várias localidades – 9 anos em Paulista/PE, quando fui para o Seminário. Depois fui para Jaraguá do Sul – onde fiz o Noviciado. Voltei para Paulista, na época do curso de Teologia, período que eu estudei em Olinda. Em 2000, quando fui ordenado Diácono fui morar em Catende/PE. Logo em seguida, em 2001 fui ordenado Sacerdote em Apodi/RN, permaneci por 1 ano e 3 meses na Paróquia de Senhora de Santa Ana. Depois fui transferido para trabalhar no Centro Social em João Pessoa, lá fiquei de 2002 a junho de 2005. Em 2005-2006 fui para Roma, para o curso de Formadores, parte em nosso colégio internacional e 6 meses na USP – 11 meses nesse processo. Em 2006 voltei a João Pessoa. Em 2007 fui para Camaragibe, permaneci até meados de 2009. Em seguida, trabalhei na formação, enquanto Reitor e superior do Centro Vocacional em Paulista/PE, onde fiquei até 2015. Voltei a Camaragibe por mais 1 ano e meio e, de lá, vim para Assú desde o mês de julho. Paróquia em que estou me adaptando, sem muitas dificuldade, porque já conheço um pouco da realidade e estou nesta busca de fortalecer e aprofundar o espirito missionário dehoniano junto aos fiéis.

3- O que mais o ajudou a viver com fidelidade a vocação dehoniana e o ministério sacerdotal?

Fidelidade, para mim, primeiro vem do nosso batismo (a consagração a Deus no mistério batismal) e a fidelidade pelos votos de pobreza e castidade e obediência – e essa inspiração de fidelidade vem do nosso fundador Pe. Dehon, bem como padres e religiosos/as que vivem a essa vocação pela consagração dos votos de pobreza, obediência e castidade.

 

4-  Qual foi o valor agregado pela consagração dehoniana e pela presença do Sagrado Coração de Jesus em seu ministério sacerdotal?

            O que se agregou a minha vocação batismal, foi a missão que se realiza na Igreja, seja pelo testemunho da vida religiosa e também como missionário do Sagrado Coração de Jesus. Estes são os valores que me fortalecem no dia a dia, para viver os votos de pobreza, castidade e obediência.

 

5- O seu mestrado foi na Universidade Católica de PE, o Sr. Se dedicou ao tema relacionado a Santíssima Trindade. Fale um pouco sobre este período de pesquisa e buscas de conhecimento.
            Esse desejo de fazer uma dissertação sobre a fé implícita no início dos primórdios da Igreja – surgiu, assim, logo quando terminei o curso de Teologia uma reflexão Teológico Pastoral e Sistemática da Santíssimo Trindade para uma profissão de fé pessoal e comunitária na eclesiologia latino americana (Comunhão e Participação). Foi assim uma motivação a mais quando escrevi meu TCC, para eu não me acomodar apenas num certo ativismo pastoral e missionário, mas também sempre em voltar a minha atenção para aquilo que a Igreja nos diz através dos ensinos da teologia. A princípio eu ia fazer uma dissertação sobre Santo Agostinho, mas por orientação dos meus professores, acabei fazendo uma dissertação sobre a evolução do Dogma Trinitário nos primeiros 5 séculos da Igreja – quando surgiram as primeiras heresias e discussões sobre o núcleo central da nossa fé.

6- Conte sobre a viajem a Roma, como foi a experiência de estudar fora do país e da responsabilidade de representar a Congregação e disseminar o que fora absorvido no Curso de Formadores na Itália.
            A experiência internacional, é sempre muito rica! Foi o primeiro curso para Formadores que a Congregação organizou no nosso Colégio Internacional em nossa casa em Roma com 20 participantes a serviço da formação. Na USP acontece a 2ª parte da formação. Lá erámos em 100, formandos advindos de vários países. No total foram 11 meses, sendo que 6 foram na nossa casa e 5 na USP – Salesiano. Experiência boa de aprofundamento antropológico, psíquico e espiritual da nossa , o que nos possibilita o compromisso com Deus e a Igreja. Excelentes conteúdos que contribuiu na minha formação pessoal e no conhecimento a nível de congregação e da sociedade de modo geral.

7- Fale um pouco de sua experiência como Reitor.
            Depois que retornei do curso em Roma fiquei trabalhando numa Paróquia como Vigário Paroquial, foi a Paróquia Virgem Mãe dos Pobres em Jardim Planalto em João Pessoa/PB. Depois disso, tive a experiência como Reitor do Seminário – e as primeiras palavras que eu disse a meu superior, foi que “para eu ser formador, ensinando e ajudando aos outros – eu também precisava de ajuda”. Ajuda no sentido de ter uma abertura em me conhecer um pouco mais. Foi um período de enriquecimento muito grande, porque acredito que na medida em que vamos ensinando, também aprendemos um pouco mais, além de aprofundar-se no que você já sabe. Foi uma fase de grandes reponsabilidades – porque além de outras competências, eu tinha que ajudar as pessoas em decisões, por exemplo. Nesse sentido, as orientações eram tomadas a luz dos ensinamentos de Jesus Cristo revelados a sua Igreja em toda história de salvação – ai vem a reponsabilidade de se tomar como instrumento de Deus para os outros e para a Igreja.

Para encerrar, Padre Sales em poucas palavras: 
Livro favorito? Tratado sobre a Trindade, de Santo Agostinho
Autor favorito? Dos mais antigos, Santo Agostinho; dos teólogos mais atuais Bruno Forte.
Um exemplo? Dom José Freire, /in memoriam.
Uma lembrança boa? Minha mãe e meu pai.
Uma lembrança não muito boa? Quando estive por 6 dias numa UTI de hospital.
Um fato engraçado? Peça que participei no noviciado, chamada “Tudo pela vocação”.
Lugar favorito? Não existe um lugar favorito. Tenho grande facilidade em me adaptar aos lugares. Roma foi um lugar que gostei muito.  Já para se morar gosto de João Pessoa, pela facilidade de locomoção e o clima.
Beata Lindalva? Mártir da Igreja.
São Cristóvão?  Exemplo de vida. Homem que escutou a palavra de Deus e pôs em prática este chamado de Deus no exercício da caridade.

8- Deixe uma mensagem aos sacerdotes da Congregação do Sagrado Coração de Jesus formandos sobre o modo de viver hoje como dehonianos.

            A fidelidade e felicidade do consagrado como irmão ou sacerdote, consiste sobretudo no encontro pessoal com Deus, que se dá principalmente, através da oração e na missão da Igreja. Um bom missionário precisa ser uma pessoa que vive na oração, assim como um bom cristão também necessita estar em oração. Porque ação de Deus em nossa vida está firmada na leitura orante da palavra revelada e ao mesmo tempo nos apelos que Deus nos faz através da sua Igreja. 

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