A Liturgia da Palavra do 33º
Domingo do Tempo Comum se debruça com a temática do fim dos tempos. Para muita
gente, a expressão “fim dos tempos” se torna assustador, temível, “muitos
preferem nem falar” e, há aqueles que usam as redes sociais para espalhar medo.
A
Teologia Católica trata com seriedade esse assunto. Por isso, há um ramo na
teologia que se chama Escatologia,
isto é, o fim último das coisas.
A
primeira palavra que frisamos é o FIM. O fim não é traduzido como derradeiro,
acabado, destruído, “não há mais o que fazer”; pelo contrário, o fim enquanto finalidade. Qual é o fim
(=finalidade) do mundo? Em vez de falarmos de fim, falemos de finalidade: qual
a finalidade da criação, do mundo e do homem?
O fim não é destruição, mas renovação,
purificação, plenificação. Não podemos imaginar um Deus que cria por amor e
depois destrói (Cf. Gn 1). Inconcebível! Contraditório! A própria essência de
Deus é Amor, e o amor não destrói, mas eleva, purifica, transfigura e
transforma. Na Solenidade de Pentecostes, cantamos esse lindo refrão: “Envia
teu Espírito Senhor e renova a face da terra” (Sl 104, 30).
Portanto,
o fim é a finalidade daquilo para o qual foi criado: renovação, plenificação,
cristificação, isso acontecerá quando “Deus for tudo em todos” (1Cor 15, 28).
A
segunda palavra é o TEMPO. O tempo pode ser denominado de Cronos ou Kairós. O Cronos é o tempo
cronológico, é a sucessão dos dias, meses, anos, séculos... é o tempo no
qual estamos inseridos. Um tempo que passa. Já o Kairós transcende o Cronos, é
o tempo da graça de Deus, o que na
verdade é o tempo todo. Em todo tempo vivemos da “graça de Deus” (1Ts 5, 18).
Posto isso, podemos dizer que o fim dos
tempos é a finalidade do Cronos que é simplesmente um amadurecimento no Kairós
de Deus. O tempo prepara para a eternidade. O Cronos nos amadurece no
Kairós, e o Kairós dá sentido ao nosso Cronos. Ambos são decisivos para a nossa
salvação.
E
agora entramos na terceira palavra da Escatologia: Salvação. Esta possui dois
sentidos: salvação enquanto realização
(o homem só se realiza em Deus) e redenção
(o homem só se redime em Deus). Só Deus é a realização e salvação do homem. O Próprio
nome de Jesus significa isso: “Deus salva” (Mt 1, 21). Somos salvos em Deus e
também n’Ele encontramos a esperança da nossa vida.
Por
fim, chegamos a quarta palavra: ESPERANÇA. Conhecemos aquele velho ditado: “A
esperança é a ultima que morre”, mas quando ela vai morrer? A Esperança vai morrer quando nós não
precisarmos mais dela, quando virmos a Deus face a face na eternidade (Cf.
1Cor 2, 9).
Portanto,
o fim dos tempos não é algo assombroso, pelo contrário, é salvífico. O nosso fim (=meta) é Deus.
Deus nos predestinou para a eternidade (Cf. Ef 1, 4). De nossa parte,
precisamos perseverar (Lc 21, 19) nas coisas do alto (Cl 3, 1).
Pe. Luiz Alípio, scj
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